segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O tamanho de nós (terceiro ato)

segunda-feira, 31 de agosto de 2009 0
É preciso concentrar-se para manter-se em um estado equilibrado de revolta e bom senso. Por isso, mesmo afastado do ambiente em que rastejam as cobras -- o que, decerto, alivia a peçonha e desaquece o ímpeto --, tento me esforçar em manter acesa, pelo menos por ora, a centelha do ressentimento, forma pela qual luto contra a resignação fácil diante da ignorância a que fomos expostos, buscando trazer à luz algum juízo ou, que seja, a própria vergonha na cara.

Não abro mão, porém, da clareza de ideias, e as defendo, agora, até o fim, ainda mais por saber que tentam a todo custo deturpar as palavras que fiz ESCRITAS justamente para que estas não dessem margem a tantas dúvidas e interpretações. Não sejam ingênuos, ou mesmo boçais, em não perceberem a diferença entre discriminação e INADEQUAÇÃO. Ponto! Não reproduzam a ignorância daqueles que desejam, mandando duas almas ao Inferno, fazer suas próprias escaparem pelos fundos.

Dito isso, fica a alegria de saber de toda a repercussão do blogue e do apoio recebido, mesmo que velado por medo de retaliações (para uma ideia do ponto a que chegaram). Talvez eu incorra mesmo em um romantismo caduco e exacerbado, mas nunca entendi o teatro senão como o reduto de espíritos inquietos, questionadores, fazendo-se artistas por uma necessidade quase sobre-humana de expressar os demônios interiores (por favor, não me acusem também de satânico ou de querer promover exorcismos, ok?). Nisso, vejo até que enlatados como A Bela e a Fera podem ser feitos com o mínimo de dignidade, houvesse um processo que privilegiasse o ator, a personagem e suas motivações -- sem cartilha robótica de qualquer natureza. No entanto, o que presenciei foi a completa falta de tino para o estabelecimento de prioridades (papelão, espuma e decoreba), uma ciumeira deslavada e pessoas dedicando-se MUITO sem saber muito bem a razão de tudo, que tipo de aprendizado e crescimento teriam a partir daquilo, em espécie de cegueira fanática e EXPLOSIVA. Ou minha visão de teatro vai de encontro ao que ele verdadeiramente é? Seria ele um atoleiro de pessoas sem discernimento, com tempo livre um pouquinho maior, e com disposição para gastar e serem exploradas, que desejam mesmo, no fundo, é ter seus 15 minutinhos de fama no palco (mesmo que camuflem isso alegando "amor ao teatro"), doa a quem doer (e aqui se mostraram profissionais!), para impressionar, no fim de cada processo, meia dúzia de familiares e amigos? Por romantismo, talvez eu não consiga me convencer integralmente disso, pois não é falsa a admiração que tinha, e continuo a ter, por algumas pessoas daquele elenco.

Somos autores de nossa grandeza. Decidimos, ou não, seguir um Espantalho, e tomá-lo por "mentor". Compactuamos com o jogo sórdido que não cultiva ESCLARECIMENTO algum, apenas segrega e expulsa e vira a cara. Comprometemos boas amizades a troco de pouco, ou nada. E tornamo-nos um esboço do que poderíamos ter sido, não fosse nosso profundo egoísmo e nossa delicada vaidade. O grupo de A Bela e Fera tornou-se frio e triste muito antes de sairmos, ou já o era bem antes de nascer, como filho maldito do pai. Agora, sobretudo, é um grupo envergonhado, embora ainda se disponha a cantar e sapatear alegremente sobre a "merda" que há de receber, em vista de toda essa promoção. Não podemos evitar, contudo, ao retirarmos a maquiagem do rosto, que encaremos a própria face refletida no espelho, como quem se pergunta, em instante sozinho, se tudo por que passou valeu a pena.

"Tudo vale a pena, se a alma não é pequena." Portanto, por favor, quando se pegarem a sós, expliquem a si mesmos a estatura de vocês.

E não contem a ninguém...

***

No próximo post, vídeo com depoimento esclarecedor sobre as atitudes perigosas do Espantalho, por quem mais entende do assunto.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A Bela e a Fera Dançando na Chuva

segunda-feira, 24 de agosto de 2009 0
Admite-se, em ópera clássica, que o papel em princípio idealizado para uma atriz magra e esbelta seja defendido por uma soprano rechonchuda que porte um vozeirão. A “licença poética” justifica-se pela grande exigência vocal requerida e também pelo aspecto erudito — e por isso menos atrelado à imagem — desse tipo de encenação. Mesmo assim, Maria Callas perdeu peso.

A Bela e a Fera, porém, em vista de seu caráter industrial e — por que não? — pasteurizado, segue a cartilha de uma ditadura contra a qual poucos ousam manifestar-se. Afinal, o público espera uma revolução social em cena? Se existe uma concepção preestabelecida, se as características físicas das personagens estão fixadas no imaginário das pessoas, e se a proposta da montagem nem de longe flerta com a ousadia ou INOVAÇÃO (como Romeu e Julieta no sertão, de Ariano Suassuna), por que derrapar justamente nos quesitos sobre os quais a expectativa humana recai, inicialmente, com maior curiosidade, sob o risco de incorrer em profunda frustração?

A atitude abominável de substituir, a um mês do espetáculo, os atores centrais do referido musical, segundo justificativas torpes, não expôs somente as fraquezas éticas do elenco, como também o descaso em relação ao simbolismo que uma história Disney representa, comprometendo mesmo a identificação imediata do público — que busca sempre repetir a experiência de rever os tipos a que está acostumado —, em prol de uma necessidade exagerada de “aparecer” custe o que custar, tais quais pavões em concorrência pela fêmea. Por mais que cante bem, ou melhor, como não evitar o estranhamento ao vermos no palco uma Bela afro (mesmo lindíssima), cujo parentesco parece mais chegado a Lefou do que ao próprio pai, o velho Maurice? Ou um Gaston gordinho, tendo-se-lhe, ainda, perdoado o aparelho ortodôntico? E não precisam falar de mim, porque mesmo eu, como Fera, hesitava quanto à minha estatura, inadequada ao papel.

Se o vulgo Espantalho faz questão de salientar que se trata de teatro AMADOR — como se isso justificasse seu amadorismo —, não haveria mesmo a necessidade de tal rigor na escalação do elenco.

No entanto...

Se amizades são recorrentes no teatro profissional, o que dizer então no amador? Como desenhar, portanto, a ÍNDOLE de uma pessoa capaz de fulminar uma amizade de ANOS para sustentar uma substituição que, além de não combinar com a idealização do espetáculo, privilegia pessoas que sequer são do teatro que patrocina o projeto? Por mais amador que seja um trabalho, um diretor, ao convidar uma atriz que não canta, e ao submetê-la a MESES de ensaios para dotá-la de tal recurso, assume com esta um risco que, por DECÊNCIA, deve ser corrido por ambos até o final. Se, aproveitando-se do afloramento das emoções do elenco por conta de desentendimentos e mexericos, Bela foi retirada para “ser protegida”, em espécie de “dois coelhos com uma só cajadada” (pois não sabemos se eu fui com ela, ou ela foi comigo), não era um fiasco que pretendiam evitar, mas a própria dimensão de amadorismo que, infelizmente, o Espantalho não consegue contornar em todos os quesitos desta montagem. Justo? Justo, se não houvesse tantos princípios e valores a serem preservados nesse tipo de decisão que envolvia amigos de longa data. Foi, portanto, um ato mesquinho e inescrupuloso, que deve ser marcado no currículo dos “profissionais” que o perpetraram.

A indignação, na escola, corre solta, mais contida em alguns, mais manifesta em outros; não se iludam, pois, de que não exista o incômodo geral criado por essa situação. Se escrevo agora, é porque desejo, por sentir-me lesado, que contas sejam acertadas — e que poderes sejam revistos — logo após o festival, pois, agora, preserva-se em relação a vocês uma espécie de “respeito humanitário” — o qual considero justo — pelo trabalho que até agora conceberam e que, portanto, devem concluir. Todavia, ainda é de estarrecer que pessoas do elenco, tão amigas e extremosas, tenham admitido servirem de comparsas nesse gesto criminoso — perdoem o tom hiperbólico, mas o exagero também é do mundo. E vai outro: Somos, mesmo em pequena escala, e resguardadas as proporções de nosso microcosmo, reflexo infeliz da política de nossa nação, cujo partido governista (PT) chega a render-se à chantagem barata, destruindo reputações importantes da própria legenda, para garantir o continuísmo de um senador corrupto em favor do apoio de seu partido (PMDB) à candidatura da predileta do então presidente da República nas próximas eleições.

Os prediletos do Espantalho não éramos nós, sabíamos, ainda mais depois que ele descobriu as maravilhas da técnica vocal aplicada ao canto — sim, pois esse ensinamento foi trazido a posteriori por seu namorado, que o convencera a desistir da antiga pretensão, a saber: levar o desenho da Disney aos palcos (com texto já transcrito, aliás), em cópia ipsis litteris de obra feita para o cinema e disponível em DVD (pasmem!), o que acendia em muitos o temor de uma reprise do fracasso de Cantando na Chuva, versão sem ritmo e desastrada de um clássico do CINEMA. O diretor deste espetáculo, aliás o mesmo de A Bela e a Fera, em mais uma atitude fascista e vaidosa, manifestou-se descontente com o fato de que sua produção havia se tornado na escola, naturalmente, um (mau) exemplo — pedagogicamente cabível, destaca-se — de COMO NÃO FAZER TEATRO, o que ele muito tentou censurar, em vão.

Agora, novamente “privilegiando” o teatro, ele elege como substitutas de seus dois “problemas” duas pessoas saídas de um coral, preterindo o rol de elenco da própria instituição que patrocina, em parte, seu espetáculo. Optou-se, assim — e nisso vai acentuada carga ideológica —, ensinar, em menos de um mês, interpretação e dança para bons cantores — o comentário geral do próprio elenco, após assistir ao primeiro ensaio dos novatos, foi de que estes não estão assim tão “preparados” como o Espantalho quisera lhes apresentar —, em vez de ir pelo bom senso de seu contexto profissional: ensinar canto, mesmo que desesperadamente, a bons atores — os quais não faltam à escola, e mesmo com experiência em música.

Que não sejam cínicos em afirmar que nossas eventuais faltas tenham nos desqualificado ao posto de protagonistas, e que a única saída, portanto, seria recorrer a cantores treinados. Por sermos “amadores”, e justamente por isso, deviam ter tido mais respeito e consideração, pois cada qual tinha boas justificativas para não cumprir a rotina mal programada de ensaios em pleno horário comercial, e cujo texto, despudoramente atrasado, eu mesmo ajudei a transcrever a partir de vídeos da internet. E como não me indignar, também, com o fato de que cheguei a participar de vários encontros de um coro que, em rigor, não precisava de minha colaboração (seria, sim, muito fácil abdicar daquelas sextas-feiras na casa branca, sem prejuízo algum ao meu papel, se pensasse tão-somente em mim), e que só cumpria para estreitar as relações com a maioria do elenco, com a qual eu somente poderia contribuir cantando por detrás das cortinas?

Por sorte, é permitido expressar-se livremente, assim como poderão, ao fim do musical, pegar do microfone e, aos prantos copiosos, dizer que “foi um grande orgulho estar aqui, ter concluído enfim um trabalho árduo e desgastante, superando obstáculos e pessoas que quiseram nos desestabilizar". Clap!, clap! clap! Será fácil. E serão aplaudidos. Mas não se enganem a si mesmos, porque a culpa é um fantasma que, terminado o pior pesadelo, continua arrastando seus grilhões por onde quer que nós vamos, assumindo diversas formas e pessoas. Ciúmes e traições são a tinta das grandes derrocadas, em especial as morais. Quanto a mim, continuarei escrevendo, posto teimoso e irritante que sou, e também porque estou seguro da máxima que valeu a Hamlet uma nota de credibilidade: “Sou cruel porque sou justo”.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Bela, a Fera e os Monstros?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009 0
O mundo já perdeu as contas de suas barbáries.

Presenciei, no sábado, um tribunal grotesco. Um grupo que, agindo como grupo, escondeu a própria força individual para proteger as vaidades de um diretor que fez uso de TODOS DO GRUPO, deturpando palavras DE TODOS VOCÊS, para sustentar uma posição tirânica de pessoa de pouca grandeza, cujo desejo era tão-somente ver duas cabeças rolando.

O assustador não foi falado "em grupo", porque o politicamente correto não admite uma verdade inconteste: misturamos, sim, trabalho às nossas emoções pessoais. O problema é que algumas pessoas misturam isso muito mal...

O Espantalho disse, sim, entre quatro paredes, que havia entre mim e ele uma "rixa pessoal". Não sejam ingênuos em acreditar que isso não vem ao caso agora, pois este talvez seja todo o caso, e sejam sinceros consigo mesmos na reflexão particular que terão a partir disto: a tal "rixa" motivou muito da postura fria e preconceituosa que o Espantalho, astuto no seu ciúme e nobre na sua insegurança, adotou ao longo da montagem, indispondo-se discretamente ao seu desafeto por conta de um sentimentozinho vulgar e rasteiro, iniciado, para sua infelicidade, depois que me fizera o convite para o elenco. Cheguei mesmo a ser ignorado, a exemplo de indelicadeza, quando lhe estendi a mão em uma balada, para cumprimentá-lo, situação que de tão constrangedora e patética suscitou um admirável pedido de desculpas de sua parte, dias depois, como de quem se envergonha, mesmo que provisoriamente, da própria miséria de espírito.

Seguiram-se a isso os mesmos ensaios sisudos, de cara amarrada (a típica cara de cu), durante os quais fui respeitosamente — e não por ele — aconselhado a não ter alguns tipos de brincadeira que pudessem tumultuar o coraçãozinho frágil do Espantalho, que sempre amou desesperadamente e sem freios ABS. Que fosse aquela sua natureza — já há muito me haviam alertado dela — , do tipo que passa pela vida roubando o bom humor alheio enquanto demonstra algum tipo de competência específica. Mesmo assim, que lamentável ter transformado o que me era um prazer — ensaios com a galera do teatro — em uma obrigação tão mecânica quanto a montagem de uma pizza do Cascata, além de ter dificultado sobremaneira a tarefa de me aproximar mais de vocês.

Exposto isso, não é difícil supor que outras atitudes ele, mesmo inconscientemente, veio a tomar comigo, fosse pelo estoque limitado de paciência a mim reservada (sinto mesmo que ele tentou, não serei injusto, mas a repulsa foi maior do que ele), fosse pelo discreto desejo íntimo de que eu não me empenhasse tanto, de que o não procurasse tanto, de que, enfim, lhe desse motivos para justificar racionalmente, diante dos outros, sua crescente antipatia passional, mesmo em detrimento de seu próprio espetáculo, visto que ele se sente em condições de resolver qualquer problema de última hora. No entanto, teria eu tido tão pouca vontade a ponto de ele relegar ao último mês do espetáculo a concepção do figurino do seu principal "problema" na peça (não vou dizer "protagonista" para não ferir os mais sensíveis)? É pecado eu dizer que se tratava de um figurino estratégico, assim como outros JÁ IDEALIZADOS (Bule, Relógio, Cômoda)? Fosse um diretor cauteloso e minucioso da MANEIRA CERTA E QUE FAZ ACONTECER, já teria se preocupado em prevenir-se de um desastre, posto que, ao contrário dos outros personagens, este, o da Fera, teria sua transformação, fosse lá camuflada por qualquer efeito de luz, NO PALCO, diante dos olhos da plateia, em torno de 20 segundos. Minha insegurança, então, girava principalmente em torno da preocupação de eu não parecer um Corcunda de Notre Dame, sendo Fera-de-última-hora, e de não esquecer um chifre na cabeça, sendo príncipe-mal-ensaiado. E isso penso que só poderia ser resolvido com planejamento e com o "carinho" que o diretor nunca se mostrou disposto a conceder ao "problema" de seu espetáculo, a despeito do que dedicava ao papelão. Sem contar o atraso no ensaio de atores (é correto, para todos — lembrando que nem todos entram "de férias" —, fazer ensaios prolongados e exaustivos de última hora para compensar esse erro estratégico?), o descaso com a interpretação, com a composição de personagens (ah, veja o vídeo do YouTube, né?!), com a química dos DOIS PROBLEMAS do espetáculo, cuja história JUSTIFICA TODA A PEÇA (se alguém questionar algo sobre isso, que compre algum livro sobre a construção do texto narrativo e pare com ironias tacanhas e choros sem vela).

Sejam críticos. Cobrem satisfações das pessoas certas, e DIRETAMENTE A ELAS. Não admitam servirem de joguete para as intenções de um diretor de origem e passado obscuros, que a todo momento se serve da indelicadeza para referir-se a um ator que faltou, ou que atrasou, ou que saiu mais cedo, justamente porque este não está presente, coletando o apoio da "maioria" que somente enxerga o fato, e não as circunstâncias, aliviada por não ser a vítima do momento.

Houve aquele sábado em que falei tudo, na frente de vocês, o que me desagradava. Por mais que eu tenha ERRADO nos modos, e eu errei MESMO, como não chamar de vergonhosa a atitude que tiveram de apenas demonstrar a insatisfação com as minhas palavras UMA SEMANA DEPOIS, tendo havido, no mesmo momento subsequente ao meu protesto, espaço para QUALQUER UM manifestar sua reprovação? Por que ninguém falou comigo? Vocês também precisam pedir, antes, autorização para sentir-se magoados e formar uma opinião? Minha personalidade nunca foi aberta a conversas delicadas? Por que, uma semana depois, o discurso daquela que se disse profundamente ofendida foi justamente de quem não tinha estado presente para ouvir DA MINHA BOCA minhas palavras? De quem é a miopia e a falta de integridade nessa história? Vocês se reuniram em conluio e, com o "coração dilacerado", excluindo-nos sumariamente e sem chance de defesa, decidiram "pelo bem do grupo", sendo este apenas a intenção programática de um diretor que se presta ao terrorismo emocional, envolvendo até mesmo CRIANÇAS, e às intrigas para manipular as paixões de sua equipe, sob o sórdido ultimato do "eu ou eles". Negam?

O mundo chama isso chantagem. Mas, para quem tem jeito com as palavras, o dito fica pelo não dito, e a ameaça, se não posta oficialmente, entra nos corações como uma bomba armada. Era esta bomba que vocês temiam que fosse acionada pelo olhar do Espantalho quando tiveram a chance de opinar como pessoa, e não como grupo. Foram, por isso, desumanos, e talvez isso só se lhes desperte daqui muito tempo, quando a consciência, se a restar, for má companheira do travesseiro.

Calculem bem o quanto desejam ser estupradas com horas de ensaios desrespeitosos e mal informados. Quanto dinheiro permitem que seja tirado de suas casas para sustentar um sonho mal planejado — mesmo plagiado —, de futuro absolutamente incerto, sob a regência de alguém cujo passado já apresentou fracassos frutos de pura teimosia e negligência? Pensem bem em quem vocês tomam por vilão, porque este, muitas vezes, não é aquele que levanta mais a voz ou diz as palavras mais duras NA FRENTE DE VOCÊS. O vilão é maestro dos bastidores, de onde recolhe sorrateiramente seus tapetes.

E não sejam tolos em pensar que este texto é uma tentativa desesperada de reintegrarmos o elenco. Tampouco somos justiceiros querendo espalhar a dignidade pelo mundo. Mas uma máscara tem de cair, porque a pessoa por trás dela está DESTRUINDO muitas coisas boas e, principalmente, PESSOAS que a amavam (não estou incluído entre elas, ok?), simplesmente porque ela, agora, ama outra coisa e tem um sonho megalomaníaco para realizar. Está na hora de vocês, COMO GRUPO, tomarem a dianteira e exigirem, sim, uma postura mais ética e franca por parte do diretor, sem ficar com o “cu na mão” temendo não se apresentar. Tenham HOMBRIDADE, por mais dinheiro e tempo que, como nós — e MAIS DO QUE NÓS, assumimos —, tenham investido nesse projeto. Se não é “nada pessoal”, como ele é capaz de dizer, ao ouvir a proposta de reconciliação apresentada, que NÃO subiria mais no palco porque não suportava mais olhar para a nossa cara (oi?). Se não foi nada planejado, como havia duas cartas na manga para nos substituir tão prontamente? Como não houve hipocrisia, se a Bela escutou que foi tirada do espetáculo para “ser protegida”? Enfim, sejam críticos e não adotem a postura vergonhosa e covarde de muitos. Isso, obviamente, não é geral, porque algumas pessoas demonstraram, sim, com aperto na voz — o que muito nos emocionou —, o grande desconforto que foi atender à ordem insana e irresponsável de um profissional desequilibrado. Que estas, então, se levantem e não sejam marcadas pela omissão que já provocou tantas crueldades por conta do espaço concedido àqueles que se expressam tão bem quando movidos ao rancor apaixonado, irrefletido e inconsequente. Pensem, assim, que o respeito à autoridade deve vir depois de sua paz de espírito.

Vocês irão se apresentar? Possivelmente, se tiverem estômago — e isso muitos provaram que têm de sobra. Mas sob que preço? Terão vendido a própria consciência por alguns minutos de espetáculo exuberante, caro e luxuoso? Teriam sido mesmo capazes de passar por cima de quem quer que fosse para conseguir isso? Querem que sejam lembrados assim, tais como os alemães ainda o são por terem sido coniventes com um assassino que lhes prometera a glória? Pois muita coisa pode ser justificada, menos a imbecilidade, e para esta, embora haja perdão, não há esquecimento. E vocês caminham rumo a ela, enquanto enfeitam a data nobre do festival, motivados, alegres e ambiciosos, sob o espectro de protagonistas que não são do TPC.

Pensem bem em como vocês desejam ser lembrados. Pois estes serão vocês.
 
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