quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Louvores

quinta-feira, 17 de setembro de 2009 2
É um tanto quanto constrangedor sequer comentar o papelão que presenciei e que, piedosamente, tentaram atenuar ao final do espetáculo, com coro apoiado mesmo por mim, afetado por um sentimento algo misericordioso, algo maldoso também.

A palavra escrita, porém, tem gosto pelo implacável e, embora tenha dedicado algumas linhas ao escárnio daquele fracasso, não o farei de modo longo e pontuado, para poupar-lhes da ridicularização a que vocês mesmos publicamente se submeteram.

Não se deixem enganar pelos comentários "positivos", pois estes vêm à apoteose do que chamamos "mediocridade esforçada", outro tipo de misericórdia que deseja não arrancar o sonho à criança estúpida e sonhadora, compensando-a, de algum modo, por viver nas nuvens e tão alheia ao mundo real.

Teatro é feito de competências, e estas não tiveram espaço entre vocês, que confiaram inocentemente em "talentos". Desrespeitaram o público -- nem todos ali estavam para ver algum parente ou amigo em cena -- e colocaram em xeque, de forma irresponsável, a reputação da escola, a qual, quer queira ou não, acaba comprometida com a qualidade, ou o fiasco, da apresentação, por mais que se alegue tratar-se de "alunos".

Sinto-me, agora, aliviado por não ter servido de objeto de humilhação cênica, por mais que, supondo, me tivesse destacado individualmente, pois tenho em alta conta o tempo e a paciência de amigos e familiares -- e estes certamente não me têm por medíocre e confiam no bom gosto e na grandeza -- ou ao menos decência -- das empreitadas de que participo. Desapontá-los com uma palhaçada ter-me-ia sido o fim, por mais que meu orgulho, filho da hipocrisia, tivesse tentado tirar disso tudo um eventual "aprendizado" ou "crescimento". Talvez eu enganasse alguns por algum tempo, mas nem todos por todo o tempo, e o que me restaria seria tão-somente a sensação do MICO.

Houve ressalvas. Alguns momentos bons. Algumas surpresas agradáveis. A piedade há de agarrar-se justamente nisso tudo para exaltar a mediocridade dos que "fazem acontecer mesmo aos trancos e barrancos". A meu ver, é muito pouco, e humilhante, para a ambição que havia. E a suma das sumas é inequívoca:

Gastaram demais. Trabalharam demais. Mas não entenderam muita coisa.

Assim como Espantalho não entendeu, posto que só piorou a desgraça do ano passado.

domingo, 13 de setembro de 2009

Risonho e límpido

domingo, 13 de setembro de 2009 0
Vergonha alheia.

Espantalho não dirigiu porra nenhuma. Foi a Vanusa.

Eu quero o vídeo, tsá? O YouTube implora.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ligações (quarto ato)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009 0
Não corresponder às intenções de algumas pessoas pode torná-las ranzinzas, amarguradas e vingativas.

Prova disso é a famigerada Marquesa de Merteuil, do filme Ligações Perigosas, especialista em intrigas, jogos de bastidores e muita, muita dissimulação. Ela, apesar de sua própria baixeza, ao ser informada do Caso Espantalho, não pôde conter a estupefação:







Marquesa de Merteuil resumiu bem o espírito geral, principalmente em relação à quebra (ou demolição?) da confiança e cumplicidade que havia entre Bela e Espantalho, por obra deste, caso que, afinal, horroriza até mesmo os piores vilões e os mais lamentáveis caracteres.


Um zoom, para quem não tem acesso ao meu álbum no Orkut (fins de 2008):



Repito: Não corresponder às intenções de algumas pessoas pode torná-las ranzinzas, amarguradas e vingativas. É preciso bem pouco para que, de uma hora para outra, resolvam não gostar mais de você; para que, ao passar, torçam o nariz para você; para que colham o apoio dos outros contra você; para que, enfim, tenham uma "rixa pessoal" em relação a você. No fundo, pode ser puro recalque de um borra-botas!

No entanto, se é possível colher uma flor da desolação, ela não é senão a amizade forte, e cúmplice, que nasceu entre mim e Bela, em decorrência do trauma conjunto por que passamos. A princípio, um ao consolo do outro, servimo-nos de amparo e refúgio. Agora, passado o impacto, consentimos aproximar nossos afetos, seguindo a corrente natural do apego quase familiar.

Tanto que Bela já conheceu minha mãe (não é fofo?).

"Capitu era Capitu, isto é, uma criatura mui particular, mais mulher do que eu era homem." Essa frase, cujo autor, Bentinho, é o maior ciumento de nossa literatura, poderia muito bem ter sido dita por sua sombra Espantalha, cujo ciúme desmedido é aplicado a sua vidinha provinciana e sem lirismo. Pois, agora, conhecendo-a bem, posso afirmar: Bela é muito mais mulher do que Espantalho jamais será homem, ou ator, ou diretor, ou mesmo pessoa que mereça afeto grande e generoso, como o dedicado pelas muitas crianças que rodeiam Bela no teatro, e que encontram nesta uma devolução sincera.

É de se admirar, portanto, que qualquer pessoa minimamente inteligente e esclarecida continue firme, por muito mais tempo, ao lado de um Espantalho cruel e seco, por mais "bondade" que se esconda sob sua palha, pois há limites para suportar, a cada passeio ou reunião, o mau humor, o negativismo, a cara de cu e o ciúme por toda e qualquer perna de cadeira que se "insinue" ao seu parceiro. Serão bravos os que persistirem, e talvez a estes caiba o céu (ou talvez, simplesmente, uma vida contaminada por más vibrações). Como consolar, ou aconselhar, uma pessoa assim?

Sucesso! É o que Espantalho espera. É o que Espantalho acredita ser suficiente para iluminar os olhos que o contestaram, que duvidaram de seu talento (que, aliás, existe!). É o que Espantalho confia ser o caminho de sua própria redenção, como se uma consagração inquestionável pudesse apagar as lembranças da devastação, do desânimo e de um processo triste e mutilador, escondendo todos os corpos no armário. Ora, Espantalho tolo! Sucesso, depois de seu trajeto, é apenas o mínimo que esperam de você -- e é uma expectativa com olhos de lince --, pois o que vier de contrário, ou de sobra, servirá apenas ao engrandecimento de sua própria miséria.

Pois é simples, e fiel, um pensamento de Gandhi que nunca me esqueceu:

"Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho."
 
Se me faz despertar ◄Design by Pocket, BlogBulk Blogger Templates ► Distribuído por Templates