sábado, 28 de novembro de 2009

Zoológico de Vidro

sábado, 28 de novembro de 2009 0
Nossas expectativas em relação a algumas pessoas não se restringem às estabelecidas mediante contrato, ou mesmo por verbalização formalizada. Há destas que simplesmente existem, concordem ou não, e tememos por elas no mesmo grau em que esperamos que as respeitem.

Depois de dois anos, exatos dois anos, me vem à mente a mesma metáfora posta por um moleque sonhador. Agora, autor dela, enxergo seu sentido especular que à época me foi embaçado por algum tipo de sentimento torpe. A saber, em palavras mais dignas que as dele:

A cada afeto concebemos um cristal. Pode haver casos de tormentas avassaladoras que nada lhe fazem senão sacudir sua estrutura, restando íntegra sua transparência. Há casos, porém, de leves brisas — sopradas de não sei que montanha do mundo por um não sei qual deus traquinas — que provocam ao cristal um dano irreparável.

Pois bem. Tenhamos ou não um compromisso estabelecido, o cristal é gerado assim que permitimos nos afetar por alguém, como em Zoológico de Vidro, de Tennessee Williams — e não por acaso saí chorando dessa peça. Tenhamos ou não um compromisso selado, somente nós, e ninguém mais, sabemos o quanto nosso cristal é ao mesmo tempo resistente e delicado — qualidades estas variáveis de afeto a afeto — e o que esperamos de cada um.

Mas sobre a delicadeza o homem é pouco versado. Por isso há tantos cristais trincados por aí. Tanta gente esforçando-se inutilmente, e nisso enxergando exemplo de maturidade, em restituir ao vidro rachado sua integridade lisa e pura, quando na verdade estão rumando aos cacos. E tantos outros, e estes são os piores por serem profundamente estúpidos, usando da delicadeza alheia para jogos de pingue-pongue.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

De novo, o suicídio

segunda-feira, 16 de novembro de 2009 0
Li a obra "O suicídio", do sociólogo Émile Durkheim, para atender a uma inquietude crescente demais pro meu gosto. Após a leitura, e relendo o post passado a respeito do tema, sinto que minhas impressões primeiras beiraram o ingênuo, principalmente por ter crido que as causas internas seriam mais relevantes que as externas para a decisão do sujeito em ceifar a própria vida.

Em suma, a sociedade provoca uma verdadeira corrente "suicidogênea", cuja existência se comprova pelo número mais ou menos constante de casos de suicídio, ao longo de dado período, em qualquer que seja a comunidade. É, portanto, e segundo Durkheim, um fato social, pois é possível conceber uma taxa que mede "a relação do número global de mortes voluntárias e a população de qualquer idade e ambos os sexos".

Gosto do tratamento sociólogo. Mas ainda sinto falta de uma abordagem mais psicológica e centrada no indivíduo. Nada romanceado. Seco e direto.

O que me fica, por ora, é observar como as pessoas que supostamente deviam ter sido "modificadas" pela morte intencional de uma pessoa próxima continuam tão estúpidas e egoístas como outrora.

Afinal — e elas se anteciparam a mim nessa constatação —, trata-se apenas de um "fato social". Uma coisa, um número. Chora-se o morto, mas não se permite afetar pela realidade para a qual ele tentou, em vão, nos despertar.

Se me faz despertar...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

terça-feira, 3 de novembro de 2009 0
Um amigo acaba de me reproduzir a máxima de que "ex bom é ex morto". Discordei peremptoriamente.

Ex bom é ex com ódio.

E tenho dito.
 
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