
Uma escolha se coloca a Cândida no clímax do texto que leva seu nome, escrito pelo irlandês Bernard Shaw e encenado ontem no Theatro Pedro II.
Ao seu marido, um clérigo conservador famoso por suas pregações, opõe-se um poeta "efeminado", romântico e agudo na observação da alma humana. Este jovem, apaixonado por Cândida, supõe entendê-la melhor que o marido, fato que o fortalece a desafiá-lo. Ambos se torturam, e o desgaste imputa-lhes a razão. Cândida é quem deverá escolher.
Percebendo-se em um leilão, Cândida -- que é menos cândida que o Cândido de Voltaire, para quem "tudo vai da melhor forma neste mundo" -- deseja saber qual o lance de cada um dos pretendentes.
O marido chora, mas oferece à mulher seu talento de orador para sustentá-la, seu trabalho para garantir-lhe segurança e conforto e seu prestígio social para sua dignidade.
O poeta não chora, mas oferece a Cândida o seu mais alto tesouro:
"A franqueza. A desolação. A carência do meu coração."
Entre o amor de um marido eficiente e o de um poeta sensível, Cândida decide-se, em suas palavras, "pelo mais fraco dos dois".
O marido cai em prantos. É ele o escolhido.
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