segunda-feira, 1 de março de 2010

A sabedoria de Cândida

segunda-feira, 1 de março de 2010

Uma escolha se coloca a Cândida no clímax do texto que leva seu nome, escrito pelo irlandês Bernard Shaw e encenado ontem no Theatro Pedro II.

Ao seu marido, um clérigo conservador famoso por suas pregações, opõe-se um poeta "efeminado", romântico e agudo na observação da alma humana. Este jovem, apaixonado por Cândida, supõe entendê-la melhor que o marido, fato que o fortalece a desafiá-lo. Ambos se torturam, e o desgaste imputa-lhes a razão. Cândida é quem deverá escolher.

Percebendo-se em um leilão, Cândida -- que é menos cândida que o Cândido de Voltaire, para quem "tudo vai da melhor forma neste mundo" -- deseja saber qual o lance de cada um dos pretendentes.

O marido chora, mas oferece à mulher seu talento de orador para sustentá-la, seu trabalho para garantir-lhe segurança e conforto e seu prestígio social para sua dignidade.

O poeta não chora, mas oferece a Cândida o seu mais alto tesouro:

"A franqueza. A desolação. A carência do meu coração."

Entre o amor de um marido eficiente e o de um poeta sensível, Cândida decide-se, em suas palavras, "pelo mais fraco dos dois".

O marido cai em prantos. É ele o escolhido.

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