quinta-feira, 13 de maio de 2010

Maldito

quinta-feira, 13 de maio de 2010
Se eu pudesse perseguir em pensamento somente para reivindicar o pedacinho que me foi arrancado, pedacinho sem o qual nunca me compreendi completo de novo, ou suficientemente cheio de verdade.

De nada adianta eu me consolar na certeza de que levarão também o seu pedacinho, sem o qual também se sentirá incompleto e impreciso, e quando você voltará a ser mais parecido comigo do que jamais pensou, mais próximo do que jamais foi, sem contudo admitir jamais isso.

Sim, porque, para você, eu sou mau. Profundamente mau.

Se pudesse, além do que posso, conservaria tua juventude num pote de geleia. E não o faria por amor aos morangos frescos e silvestres.

Seria apenas pelo fetiche saboroso de te condenar à doçura quando tudo já lhe parecer amargo e hediondo, o que se dará depois de ter-se lambuzado inteiro.

Você dirá que eu sou mau. Profundamente mau.

Mas só compreenderá a maldade completa quando, arrastado pelo inverno rigoroso, sentir secar violentamente a tua primeira primavera, e quando tiver de colher as minhas flores malditas para enfeitar tua paisagem de gelo.

Um comentário:

  1. Sentimentos anormais, amargura da vida talvez, quando te leio aqui sinto certa morbidez. Com certeza não é a mesma pessoa que vejo no dia a dia, tirando a palidez. (riminha horrível em, kkk)

    Quanto te leio aqui percebo que dança com suas idéias numa postura irrefutável, irredutível e irrecuperável! Uma concisão precisa e exata, parece que faz sua dança preso a algo que não gosta de acompanhar, mas acompanha, e ainda sussurra o horror de sua companhia em seu ouvido, reclamando quase que sorrindo, deixando até A morbidez sem resposta.

    A pessoa que vejo no dia a dia está sempre pronta a sorrir, muda de parceiro na dança como se procura-se por um novo dia! Dança com as palavras como se todas fossem refutáveis e nenhuma idéia merecesse completa devoção e aprovação, sempre pronto a abraçar a que mais vida lhe trará.

    Aqui vejo o Robson paradoxo, dançando com A Dona Morbidez, pois o Robson que eu conheço, nunca reclamaria da falta de nada, buscaria a completude sorrindo, mesmo estando completo.

    Ass: A.V.

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