segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Bela, a Fera e os Monstros?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009
O mundo já perdeu as contas de suas barbáries.

Presenciei, no sábado, um tribunal grotesco. Um grupo que, agindo como grupo, escondeu a própria força individual para proteger as vaidades de um diretor que fez uso de TODOS DO GRUPO, deturpando palavras DE TODOS VOCÊS, para sustentar uma posição tirânica de pessoa de pouca grandeza, cujo desejo era tão-somente ver duas cabeças rolando.

O assustador não foi falado "em grupo", porque o politicamente correto não admite uma verdade inconteste: misturamos, sim, trabalho às nossas emoções pessoais. O problema é que algumas pessoas misturam isso muito mal...

O Espantalho disse, sim, entre quatro paredes, que havia entre mim e ele uma "rixa pessoal". Não sejam ingênuos em acreditar que isso não vem ao caso agora, pois este talvez seja todo o caso, e sejam sinceros consigo mesmos na reflexão particular que terão a partir disto: a tal "rixa" motivou muito da postura fria e preconceituosa que o Espantalho, astuto no seu ciúme e nobre na sua insegurança, adotou ao longo da montagem, indispondo-se discretamente ao seu desafeto por conta de um sentimentozinho vulgar e rasteiro, iniciado, para sua infelicidade, depois que me fizera o convite para o elenco. Cheguei mesmo a ser ignorado, a exemplo de indelicadeza, quando lhe estendi a mão em uma balada, para cumprimentá-lo, situação que de tão constrangedora e patética suscitou um admirável pedido de desculpas de sua parte, dias depois, como de quem se envergonha, mesmo que provisoriamente, da própria miséria de espírito.

Seguiram-se a isso os mesmos ensaios sisudos, de cara amarrada (a típica cara de cu), durante os quais fui respeitosamente — e não por ele — aconselhado a não ter alguns tipos de brincadeira que pudessem tumultuar o coraçãozinho frágil do Espantalho, que sempre amou desesperadamente e sem freios ABS. Que fosse aquela sua natureza — já há muito me haviam alertado dela — , do tipo que passa pela vida roubando o bom humor alheio enquanto demonstra algum tipo de competência específica. Mesmo assim, que lamentável ter transformado o que me era um prazer — ensaios com a galera do teatro — em uma obrigação tão mecânica quanto a montagem de uma pizza do Cascata, além de ter dificultado sobremaneira a tarefa de me aproximar mais de vocês.

Exposto isso, não é difícil supor que outras atitudes ele, mesmo inconscientemente, veio a tomar comigo, fosse pelo estoque limitado de paciência a mim reservada (sinto mesmo que ele tentou, não serei injusto, mas a repulsa foi maior do que ele), fosse pelo discreto desejo íntimo de que eu não me empenhasse tanto, de que o não procurasse tanto, de que, enfim, lhe desse motivos para justificar racionalmente, diante dos outros, sua crescente antipatia passional, mesmo em detrimento de seu próprio espetáculo, visto que ele se sente em condições de resolver qualquer problema de última hora. No entanto, teria eu tido tão pouca vontade a ponto de ele relegar ao último mês do espetáculo a concepção do figurino do seu principal "problema" na peça (não vou dizer "protagonista" para não ferir os mais sensíveis)? É pecado eu dizer que se tratava de um figurino estratégico, assim como outros JÁ IDEALIZADOS (Bule, Relógio, Cômoda)? Fosse um diretor cauteloso e minucioso da MANEIRA CERTA E QUE FAZ ACONTECER, já teria se preocupado em prevenir-se de um desastre, posto que, ao contrário dos outros personagens, este, o da Fera, teria sua transformação, fosse lá camuflada por qualquer efeito de luz, NO PALCO, diante dos olhos da plateia, em torno de 20 segundos. Minha insegurança, então, girava principalmente em torno da preocupação de eu não parecer um Corcunda de Notre Dame, sendo Fera-de-última-hora, e de não esquecer um chifre na cabeça, sendo príncipe-mal-ensaiado. E isso penso que só poderia ser resolvido com planejamento e com o "carinho" que o diretor nunca se mostrou disposto a conceder ao "problema" de seu espetáculo, a despeito do que dedicava ao papelão. Sem contar o atraso no ensaio de atores (é correto, para todos — lembrando que nem todos entram "de férias" —, fazer ensaios prolongados e exaustivos de última hora para compensar esse erro estratégico?), o descaso com a interpretação, com a composição de personagens (ah, veja o vídeo do YouTube, né?!), com a química dos DOIS PROBLEMAS do espetáculo, cuja história JUSTIFICA TODA A PEÇA (se alguém questionar algo sobre isso, que compre algum livro sobre a construção do texto narrativo e pare com ironias tacanhas e choros sem vela).

Sejam críticos. Cobrem satisfações das pessoas certas, e DIRETAMENTE A ELAS. Não admitam servirem de joguete para as intenções de um diretor de origem e passado obscuros, que a todo momento se serve da indelicadeza para referir-se a um ator que faltou, ou que atrasou, ou que saiu mais cedo, justamente porque este não está presente, coletando o apoio da "maioria" que somente enxerga o fato, e não as circunstâncias, aliviada por não ser a vítima do momento.

Houve aquele sábado em que falei tudo, na frente de vocês, o que me desagradava. Por mais que eu tenha ERRADO nos modos, e eu errei MESMO, como não chamar de vergonhosa a atitude que tiveram de apenas demonstrar a insatisfação com as minhas palavras UMA SEMANA DEPOIS, tendo havido, no mesmo momento subsequente ao meu protesto, espaço para QUALQUER UM manifestar sua reprovação? Por que ninguém falou comigo? Vocês também precisam pedir, antes, autorização para sentir-se magoados e formar uma opinião? Minha personalidade nunca foi aberta a conversas delicadas? Por que, uma semana depois, o discurso daquela que se disse profundamente ofendida foi justamente de quem não tinha estado presente para ouvir DA MINHA BOCA minhas palavras? De quem é a miopia e a falta de integridade nessa história? Vocês se reuniram em conluio e, com o "coração dilacerado", excluindo-nos sumariamente e sem chance de defesa, decidiram "pelo bem do grupo", sendo este apenas a intenção programática de um diretor que se presta ao terrorismo emocional, envolvendo até mesmo CRIANÇAS, e às intrigas para manipular as paixões de sua equipe, sob o sórdido ultimato do "eu ou eles". Negam?

O mundo chama isso chantagem. Mas, para quem tem jeito com as palavras, o dito fica pelo não dito, e a ameaça, se não posta oficialmente, entra nos corações como uma bomba armada. Era esta bomba que vocês temiam que fosse acionada pelo olhar do Espantalho quando tiveram a chance de opinar como pessoa, e não como grupo. Foram, por isso, desumanos, e talvez isso só se lhes desperte daqui muito tempo, quando a consciência, se a restar, for má companheira do travesseiro.

Calculem bem o quanto desejam ser estupradas com horas de ensaios desrespeitosos e mal informados. Quanto dinheiro permitem que seja tirado de suas casas para sustentar um sonho mal planejado — mesmo plagiado —, de futuro absolutamente incerto, sob a regência de alguém cujo passado já apresentou fracassos frutos de pura teimosia e negligência? Pensem bem em quem vocês tomam por vilão, porque este, muitas vezes, não é aquele que levanta mais a voz ou diz as palavras mais duras NA FRENTE DE VOCÊS. O vilão é maestro dos bastidores, de onde recolhe sorrateiramente seus tapetes.

E não sejam tolos em pensar que este texto é uma tentativa desesperada de reintegrarmos o elenco. Tampouco somos justiceiros querendo espalhar a dignidade pelo mundo. Mas uma máscara tem de cair, porque a pessoa por trás dela está DESTRUINDO muitas coisas boas e, principalmente, PESSOAS que a amavam (não estou incluído entre elas, ok?), simplesmente porque ela, agora, ama outra coisa e tem um sonho megalomaníaco para realizar. Está na hora de vocês, COMO GRUPO, tomarem a dianteira e exigirem, sim, uma postura mais ética e franca por parte do diretor, sem ficar com o “cu na mão” temendo não se apresentar. Tenham HOMBRIDADE, por mais dinheiro e tempo que, como nós — e MAIS DO QUE NÓS, assumimos —, tenham investido nesse projeto. Se não é “nada pessoal”, como ele é capaz de dizer, ao ouvir a proposta de reconciliação apresentada, que NÃO subiria mais no palco porque não suportava mais olhar para a nossa cara (oi?). Se não foi nada planejado, como havia duas cartas na manga para nos substituir tão prontamente? Como não houve hipocrisia, se a Bela escutou que foi tirada do espetáculo para “ser protegida”? Enfim, sejam críticos e não adotem a postura vergonhosa e covarde de muitos. Isso, obviamente, não é geral, porque algumas pessoas demonstraram, sim, com aperto na voz — o que muito nos emocionou —, o grande desconforto que foi atender à ordem insana e irresponsável de um profissional desequilibrado. Que estas, então, se levantem e não sejam marcadas pela omissão que já provocou tantas crueldades por conta do espaço concedido àqueles que se expressam tão bem quando movidos ao rancor apaixonado, irrefletido e inconsequente. Pensem, assim, que o respeito à autoridade deve vir depois de sua paz de espírito.

Vocês irão se apresentar? Possivelmente, se tiverem estômago — e isso muitos provaram que têm de sobra. Mas sob que preço? Terão vendido a própria consciência por alguns minutos de espetáculo exuberante, caro e luxuoso? Teriam sido mesmo capazes de passar por cima de quem quer que fosse para conseguir isso? Querem que sejam lembrados assim, tais como os alemães ainda o são por terem sido coniventes com um assassino que lhes prometera a glória? Pois muita coisa pode ser justificada, menos a imbecilidade, e para esta, embora haja perdão, não há esquecimento. E vocês caminham rumo a ela, enquanto enfeitam a data nobre do festival, motivados, alegres e ambiciosos, sob o espectro de protagonistas que não são do TPC.

Pensem bem em como vocês desejam ser lembrados. Pois estes serão vocês.

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