quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sobre o amor e a rosa

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Viaje sozinho. Ou viaje com quem você ama. Não divida gastos com quem não pretende dividir o afeto. E isso é ainda mais verdade quando se juntam pessoas que não têm nada a ver umas com as outras. Sim, a pessoa que dorme ao seu lado pode habitar um mundo completamente outro do seu. Então não se desgaste lançando cometas para o céu na esperança de que o descubram no espaço. Talvez você tenha nascido mesmo é para habitar um mundo de Pequeno Príncipe. Não há nada de errado nisso. Apenas cultive a rosa.

Li uma vez na Folha Mais! um artigo cuja autora confessou ter terminado um relacionamento quando percebeu, no cinema, quando assistia a As Pontes de Madison com seu namorado, que este não compreendera por que ela se emocionou tanto na cena em que Franscesca (Meryl Streep) renuncia ao amor do fotógrafo vivido por Clint Eastwood para continuar com a sua vida pacata de dona de casa, resignada ao lado de um marido que ela não amava e de filhos que não a viam como uma mulher repleta de sonhos e mistérios.

Pois bem. Ela, naquele instante, teve a prova definitiva de que seu namorado não habitava o mesmo mundo, e que ela não devia ser obrigada a viver tão intimamente com alguém que não conseguiria jamais compartilhar da mesma dor, da mesma tristeza. Lembra-me uma frase do filme Closer: "Amo tudo o que dói em você." E são assim os amores que cultivam a rosa.

A vida é sobre isso. É tudo sobre o amor e da nossa capacidade de se afetar por pessoas que parecem significá-lo mais para nós, ou de nos afastarmos daquilo que nos não afeta de modo algum. Colhida a primeira experiência, a novidade precisa entrar logo no coração, ou seguirá o rumo das coisas esquecidas. Que são muitas nesta vida.

***

Cena do filme Noites Brancas, dirigido por Visconti, com Marcelo Mastroianni no elenco. Baseado no conto homônino do russo Dostoiévski, narra uma história delicada em que o amor se coloca como uma escolha que, por mais incoerente e irracional que pareça a princípio, somente faz sentido quando determinada pelo elemento que não se pode pensar.

Apenas ser.

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