sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre o cinismo

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Diógenes de Sínope começou como um teimoso. Queria porque queria ser discípulo de Antístenes, mas este não queria discípulos. A insistência, porém, venceu a fortaleza, e o jovem aprendiz acabou sendo acolhido pelo mestre.

O rapaz cresceu e fundou o cinismo, que acabou servindo como uma luva para as agonias de uma Atenas subjugada por Alexandre Magno, o Grande, o Conquistador.

Diógenes levou uma vida simples, vestia-se maltrapilho, e foi com ele que Chaves aprendeu que se podia muito bem viver dentro de um barril. Assim era Diógenes, alheio às convenções sociais e pronto mesmo para interromper uma figura tão notória como já se fazia a de Platão, em pleno discurso enfarado de especulações metafísicas, somente para questioná-lo da ausência do homem entre tantos pensamentos sublimes.

Mas foram com Alexandre Magno os embates que melhor traduzem o espírito do cinismo, escola tão em voga nos dias de hoje. Contam as narrativas da era helenista que certa vez Diógenes estava tomando sol no Craneu quando Alexandre se aproximou. O Conquistador, que já conhecia a influência daquele homem entre os gregos, disse-lhe: "Pede-me o que quiseres." Diógenes, o Cínico, simplesmente respondeu: "Se me queres fazer algo, sai da frente do meu Sol."

Engana-se quem imagina que Alexandre ficou irado com a resposta. Antes, ela o impressionou muito. Ouvindo seus oficiais zombarem da atitude daquele homem, o Grande retorquiu: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes."

Diógenes representa hoje o não curvar-se para o mundano, para as riquezas, para os poderosos. Mais: deu mostras de como sobreviver em mundo de tanta hipocrisia, de tantas falsas promessas, e de como depender apenas do umbigo para alcançar a virtude. Esta mesma que só necessita do Sol para florescer livre e maravilhosa.

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